OPINIÃO: Por que n̶ã̶o̶ aumentar a tarifa ?

Por Ramon Gonçalves


Nota: Este texto reflete a opinião do editor e não necessariamente a opinião do blog Parabuss.

Hoje (24/03) será discutido entre a Setransbel, entidade que reúne os donos das empresas de ônibus de Belém e RMB, e a SeMOB o reajuste da passagem, os empresários alegam que a atual tarifa de R$ 3,60 não cobre mais os insumos que uma viação depende para funcionar (combustível, funcionários e taxas de operação), para os donos das empresas a tarifa deveria ser de R$ 5,12, que representa um aumento de 52,00%, já a SeMOB defende que a tarifa deve ser R$ 5,01, com aumento de 39,40% sobre o preço da passagem atualmente.
A noticia com certeza não chega com animo no ouvido dos usuários, que financiam integralmente o custo das passagens, já que não há nenhum subsidio por parte dos governos municipal ou estadual, é senso comum entre todos que a frota da RMB é velha, suja e não serve com qualidade, a crise do Covid-19 foi um pretexto para a extinção de varias linhas importantes, e redução de frotas de outras tantas, nos últimos dias com a volta das aulas presenciais, o que mais se vê são ônibus completamente lotados a qualquer hora do dia, e não tão somente nos horários de pico.
A manutenção das empresas também deixa a desejar, na Terça-Feira (22), um Apache Vip II da Fênix Transportes (CB), ordem 90801, teve seu eixo traseiro corrido na Av.Pedro Alvares Cabral, já ontem (23) a porta de um Torino da Rio Guamá (AP), ordem 76801, caiu em plena Augusto Montenegro, atingindo sem gravidade uma senhora que estava em uma parada, situações como essa deixam a seguinte pergunta, será que estou mesmo seguro ao andar de ônibus ? Você confiaria em andar num veiculo que tem uma péssima manutenção ?
Por outro lado, as empresas também foram castigadas com esse congelamento de três anos, somado ao aumento de suas despesas e a redução do numero de passageiros, principalmente durante as medidas restritivas provocadas pelo Covid-19, praticamente todas as empresas de ônibus da RMB estão operando no vermelho, com atraso no pagamento de fornecedores, montadoras e com os rodoviários, de 2021 para cá, empresas como São Luiz (AM), Transcol (CG), Transcap (CL) e Monte Cristo (AM) vem sofrendo com constantes greves de seus colaboradores, por atraso no pagamento de salários, na Viação Forte (AF) uma crise familiar fez com que a viação entrasse em uma espiral de decadência, na Nova Marambaia (AT) a nova gestão já começa a atrasar o pagamento dos motoristas e cobradores, difícil são os empresários que ainda sustentam suas empresas com a atual tarifa, e não obstante, cerca de 30% do publico dos ônibus são de gratuidades, que como já disse, não tem subsidio algum por parte das autoridades, que por sua vez ainda cobram das empresas taxas de operação, cada linha tem uma tabela de aluguel perante a SeMOB, já que as ordens de serviço são de domínio publico.
E não pense que nas outras capitais o serviço está tão bom assim, pelos telejornais de rede nacional, notamos problemas que soam familiares, como extinção de linhas, incêndios e sucateamento da frota no Rio de Janeiro, falta de diesel em Belo Horizonte, lotação e falta de ar-condicionado em Salvador, redução de frota em Porto Alegre, demora em Brasília e aumento de tarifa em São Paulo, o setor de transporte do país como um todo está doente. 
A esperança para que parte desses problemas se dilua é o edital para licitação de transporte de Belém, que expira amanhã (25), um dos itens previstos nesse edital é a inclusão dos ar-condicionado nos ônibus de Belém, atualmente apenas os Millennium BRT contam com refrigeração, e veja bem esse edital não prevê a obrigatoriedade do aparelho de ar-condicionado e sim como um item opcional, como já é de certa forma.
Pelo visto essa cruzada entre empresários e usuários será eterna, com uma parte cobrando melhoria e um serviço mais decente, onde de fato a tarifa reflita na qualidade do serviço e a outra parte siga investindo na qualidade do sistema, juntamente com as autoridades de transporte das cidades onde as empresas operam, para que juntos melhorem cada vez mais a mobilidade urbana.

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